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Índio do Arsenal



Uma misteriosa estátua de um índio existe há décadas no bairro do Arsenal e desperta a curiosidade e a fantasia da população local. Teria sido ele um herói indígena dos primórdios da região, tal qual Arariboia em Niterói, esquecido dos livros da história gonçalense?


Mede cerca de 2 metros de altura, feita em granitina (pedaços de granito em massa de cimento) e posicionada em cima de um pedestal de alvenaria.


Nem era figura famosa. Não me refiro ao casmurro Arariboia da cidade irmã, claro que não. É indígena gonçalense, imagem pronta a defender certa rua do bairro Arsenal.


A dúvida em relação ao representado se devia, principalmente pela pose da imagem, apontando o arco e a flecha para baixo do morro, como quem protege uma aldeia dos invasores. A região onde está situado o município era primitivamente habitada pelos povos tamoios, que se aliaram aos franceses contra os portugueses, que por sua vez se juntaram aos temiminós liderados por Arariboia em Niterói. Ou seja, as cidades-irmãs já militaram em partidos opostos. Os antigos habitantes inspiram os nomes de estabelecimentos, uma fábrica e um clube recreativo, além de emprestar vocábulos de seu idioma a inúmeras ruas",


Segundo Alexandre Martins da Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo moradores, como Guaíra Xavier - uma caxiense que desde o início ficou intrigada com a estátua - o monumento pertencia a um senhor que era realmente índio. Ele teria construído a estátua na direção de Niterói. A posição da flecha empunhada mira a terra de Araribóia. Mas, tanto o motivo da construção quanto da posição beligerante contra os niteroienses ficou descohecido. Mesmo com seu falecimento, a estátua ficou ainda preservada.


Já segundo Erick Bernardes, em meados do século XX essa mesma senhora de nome Guaíra Xavier veio lá de Duque de Caxias e se estabeleceu em São Gonçalo teria fundado o centro de Umbanda e resolveu homenagear a entidade nativa com a qual se identificava.

O "Arariboia de São Gonçalo” é na verdade uma representação de Oxóssi, entidade cultuada nas religiões candomblecista e umbandista, orixá da caça, da floresta, dos animais, da fartura e do sustento, espelho de ligeireza, astúcia e sabedoria, amante das artes, da contemplação, das boas influências e da energia positiva.


O grande monumento em forma de índio, estátua, artefato da casa umbandista, guerreiro armado de arco e flecha a olhar imponente do sopé de certo morro já dominado. Típico guerreiro da mata, forte e vigoroso. nada de braços cruzados como o irmão a vigiar a Guanabara. O de cá é ativo, atacante, sobremaneira combativo. Lindo mesmo.


Pois bem, se alguém quer fazer ligação de sentido do Arsenal com algum assunto de batalha ou combate, conforme a palavra "arsenal" sugere, desejo a ele boa sorte, pois eu mesmo não consegui fundamento histórico. No entanto, querendo ou não, ofereço aqui uma reflexão, nada mais natural que falar de arco e flecha como instrumento pioneiro de guerra. Sim, por que não? Nossos índios se defenderam assim dos abusos coloniais, e as armas apontadas lá no morro assinalam (ainda agora) o efeito colateral, a negligência, o descaso, a péssima administração do que se convencionou chamar Estado.




Texto retirado dos sites Sociedade de Arte e Letras de São Gonçalo, Jornal Daki, Jornal Meia Hora e Jornal O Dia (links abaixo).

Imagens extraídas de Jornal Daki e Google Maps (links também abaixo).


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